quarta-feira, outubro 29, 2008

Com a Corda na Garganta




ACÇÃO DE PROTESTO
Vai realizar-se, no próximo dia 29 de Outubro, entre as 18 e as 24horas, uma concentração/acampamento “Com a Corda na Garganta” junto ao Ministério das Finanças, na Av. Infante D. Henrique (junto à Estação Sul e Sueste) de protesto de quem comprou casa e viu subir brutalmente a prestação a pagar ao banco.
Exigimos que o direito Constitucional à habitação seja efectivado!
PARTICIPA!!!!
Para mais informações contacta-nos via e-mail, ou deixa contacto:
http://comacordanagarganta.blogspot.com/

PETIÇÃO
http://www.petitiononline.com/mod_perl/signed.cgi?cor12008&1

Marx, Engels, Lenine


Marx já morreu, Lenine também,
e logo agora que o Mundo não se está a sentir nada bem...

terça-feira, outubro 28, 2008

Frei Betto pede desculpas em nome do mercado

via "O Tempo das Cerejas"

«Estou gravemente enfermo. Gostaria de manifestar publicamente minhas escusas a todos que confiaram cegamente em mim. Acreditaram em meu suposto poder de multiplicar fortunas. Depositaram em minhas mãos o fruto de anos de trabalho, de economias familiares, o capital de seus empreendimentos.
Peço desculpas a quem assiste às suas economias evaporarem pelas chaminés virtuais das Bolsas de Valores, bem como àqueles que se encontram asfixiados pela inadimplência, os juros altos, a escassez de crédito, a proximidade da recessão.
Sei que nas últimas décadas extrapolei meus próprios limites. Arvorei-me em rei Midas, criei em torno de mim uma legião de devotos, como se eu tivesse poderes divinos. Meus apóstolos – os economistas neoliberais – saíram pelo mundo a apregoar que a saúde financeira dos países estaria tanto melhor quanto mais eles se ajoelhassem a meus pés.
Fiz governos e opinião pública acreditarem que o meu êxito seria proporcional à minha liberdade. Desatei-me das amarras da produção e do Estado, das leis e da moralidade. Reduzi todos os valores ao cassino global das Bolsas, transformei o crédito em produto de consumo, convenci parcela significativa da humanidade de que eu seria capaz de operar o milagre de fazer brotar dinheiro do próprio dinheiro, sem o lastro de bens e serviços.
Abracei a fé de que, frente às turbulências, eu seria capaz de me auto-regular, como ocorria à natureza antes de ter seu equilíbrio afetado pela ação predatória da chamada civilização. Tornei-me onipotente, supus-me onisciente, impus-me ao planeta como onipresente. Globalizei-me.
Passei a jamais fechar os olhos. Se a Bolsa de Tóquio silenciava à noite, lá estava eu eufórico na de São Paulo; se a de Nova York encerrava em baixa, eu me recompensava com a alta de Londres. Meu pregão em Wall Street fez de sua abertura uma liturgia televisionada para todo o orbe terrestre. Transformei-me na cornucópia de cuja boca muitos acreditavam que haveria sempre de jorrar riqueza fácil, imediata, abundante.
Peço desculpas por ter enganado a tantos em tão pouco tempo; em especial aos economistas que muito se esforçaram para tentar imunizar-me das influências do Estado. Sei que, agora, suas teorias derretem como suas ações, e o estado de depressão em que vivem se compara ao dos bancos e das grandes empresas.
Peço desculpas por induzir multidões a acolher, como santificadas, as palavras de meu sumo pontífice Alan Greenspan, que ocupou a sé financeira durante dezanove anos. Admito ter ele incorrido no pecado mortal de manter os juros baixos, inferiores ao índice da inflação, por longo período. Assim, estimulou milhões de usamericanos à busca de realizarem o sonho da casa própria. Obtiveram créditos, compraram imóveis e, devido ao aumento da demanda, elevei os preços e pressionei a inflação. Para contê-la, o governo subiu os juros... e a inadimplência se multiplicou como uma peste, minando a suposta solidez do sistema bancário.
Sofri um colapso. Os paradigmas que me sustentavam foram engolidos pela imprevisibilidade do buraco negro da falta de crédito. A fonte secou. Com as sandálias da humildade nos pés, rogo ao Estado que me proteja de uma morte vergonhosa. Não posso suportar a idéia de que eu, e não uma revolução de esquerda, sou o único responsável pela progressiva estatização do sistema financeiro. Não posso imaginar-me tutelado pelos governos, como nos países socialistas. Logo agora que os Bancos Centrais, uma instituição pública, ganhavam autonomia em relação aos governos que os criaram e tomavam assento na ceia de meus cardeais, o que vejo? Desmorona toda a cantilena de que fora de mim não há salvação.
Peço desculpas antecipadas pela quebradeira que se desencadeará neste mundo globalizado. Adeus ao crédito consignado! Os juros subirão na proporção da insegurança generalizada. Fechadas as torneiras do crédito, o consumidor se armará de cautelas e as empresas padecerão a sede de capital; obrigadas a reduzir a produção, farão o mesmo com o número de trabalhadores. Países exportadores, como o Brasil, verão menos clientes do outro lado do balcão; portanto, trarão menos dinheiro para dentro de seu caixa e precisarão repensar suas políticas econômicas.
Peço desculpas aos contribuintes dos países ricos que vêem seus impostos servirem de bóia de salvamento de bancos e financeiras, fortuna que deveria ser aplicada em direitos sociais, preservação ambiental e cultura.
Eu, o mercado, peço desculpas por haver cometido tantos pecados e, agora, transferir a vocês o ônus da penitência. Sei que sou cínico, perverso, ganancioso. Só me resta suplicar para que o Estado tenha piedade de mim.Não ouso pedir perdão a Deus, cujo lugar almejei ocupar. Suponho que, a esta hora, Ele me olha lá de cima com aquele mesmo sorriso irônico com que presenciou a derrocada da torre de Babel.»
24.10.2008

domingo, outubro 26, 2008

As certezas de Sócrates

A determinada altura da entrevista à TSF, Sócrates diz qualquer coisa como:
- Esta crise não é cíclica, mas sabemos que ocorre de cem em cem anos (...)

P.s. - Não foi transcrito para a versão do DN...

Fazer o "trabalhinho" II



Leio aqui que o BE apresentou na Assembleia Municipal de Lisboa uma moção equivalente à proposta que havia apresentado na Assembleia da República, sobre o casamento de cidadãos com o mesmo sexo. A proposta foi aprovada por PS, PCP, PEV, BE e de quatro deputados do PSD.
Pensar-se-ia que estamos perante mais uma frente crítica às directrizes de Sócrates, mas olhando-se para a bancada socialista encontramos deputados socialistas que, da noite para o dia, alteraram o seu sentido de voto - Miguel Coelho e Maria de Belém Roseira.
Ou as várias acumulações e trabalhos partidários a que estes deputados estão sujeitos, os fez não entender o que se votava, ou vêm a sua função de deputados (nacionais ou municipais), no mínimo, com alguma leviandade.

Presidentes de juntas sem salários

Orçamento de Estado não tem inscritas verbas para pagar os vencimentos de 330 autarcas de freguesia.

sábado, outubro 25, 2008

Movimentações Eleitorais

Paulo Pedroso publica um texto sobre o comportamento eleitoral dos portugueses e as suas mais recentes tendências.
Esquecendo os nomes dos "grupos", esquerda comunista e radical é (no mínimo) pouco rigoroso, parece-me que a questão fundamental destes gráficos são as fronteiras. Se é verdade que um PS, quando em oposição pode ser visto como Centro-Esquerda, quando está no Governo isso já não acontece - veja-se por exemplo as posições deste partido sobre o Código do Trabalho. Assim sendo, o gráfico terá de ser mais dinâmico e muito ténue no que concerne às fronteiras entre o único grupo, de acordo com Pedroso, que apenas tem um partido e os que estão, teoricamente, à sua direita.

Orçamento Participativo em Lisboa

Enviei esta proposta:

Em sede de Orçamento Participativo e, enquanto cidadão residente em Lisboa e encarregado de educação de uma antiga utente dos Estabelecimentos de Infância da Fundação D. Pedro IV, cumpre-me propor o seguinte:
A Fundação D. Pedro IV é uma instituição que administra sete Estabelecimentos de Infância na cidade de Lisboa designados como Arroios, Calafates, Junqueira, Olivais, Santa Quitéria, Santana e São Vicente, abrangendo cerca de 850 crianças, de idades compreendidas entre os 4 meses e os 10 anos, distribuídas pelas valências de Creche, Jardim de Infância e Actividades de Tempos Livres (A.T.L.).
Conforme é sabido, desde o início, que esta Fundação tem estado envolta em polémica, seja pela forma como foi constituída, pelos processos que de inquérito e investigação que envolvem os seus administradores, pelo conjunto de empresas imobiliárias que actuam no espaço da sua sede (edifício que é património do Estado e no qual existe um dos Estabelecimentos de Infância) e detidas pelos seus administradores, pela gestão dos estabelecimentos de infância e pela gestão dos bairros sociais que em 2005 lhe fora atribuída.
Estes casos têm vindo a ser notícia ao longo dos últimos anos em vários orgãos de comunicação social, ou foram detalhadamente descritos num relatório da Inspecção Geral da Segurança Social (Processo 75/96) no qual se propunha a extinção da Instituição.
A ausência de sensibilidade social que a Fundação D. Pedro IV tem demonstrado na sua forma de actuação levou a que, em 2007, a Assembleia da República reconhecesse a incapacidade da instituição para gerir os bairros sociais dos Lóios e Amendoeiras retirando-lhe a sua gestão, que lhe havia sido atribuída dois anos antes.
Perante a estranheza do reconhecimento da incapacidade social da Fundação D. Pedro IV nas matérias que dizem respeito aos bairros sociais e a manutenção dos estabelecimentos de infância, a tutela declarou a sua incapacidade para acolher e gerir as sete instituições e 850 crianças.
É neste ponto que, em meu entender, a Câmara Municipal de Lisboa deve tomar parte no processo.
É assumido por todos que a rede pública de estabelecimentos de infância em Lisboa é insuficiente. Por outro lado, o processo de desertificação da cidade de Lisboa não se inverte exclusivamente construindo ou reabilitando habitação, mas sim criando condições objectivas para que novas famílias possam habitar a cidade.
Ora, se por um lado, é evidente para a opinião pública e para alguns organismos do Estado que a Fundação D. Pedro IV não cumpre os seus objectivos sociais, designadamente ao nível dos estabelecimentos de infância, e se a Câmara Municipal de Lisboa entende como objectivo vital uma política de incentivo à domicialização de novas famílias dentro da cidade e consequente criação de um sistema de estabelecimentos de infância municipais de maior dimensão, em sede de Orçamento Participativo proponho:

- Que a Câmara Municipal de Lisboa, informe o governo da sua disponibilidade para gerir e assumir o património actualmente gerido pela Fundação D. Pedro IV, no que diz respeito, aos seus estabelecimentos de infância;

- Que a Câmara Municipal de Lisboa, inicie todos os procedimentos junto da tutela para a transferência do referido património;

- Que a Câmara Municipal de Lisboa, cabimente, já para o próximo ano, as verbas decorrentes da gestão e administração destes sete estabelecimentos de infância.

Cantiga do Bandido

«O PS está aberto a uma coligação de Esquerda. É bom não esquecer que já a tentou na eleição intercalar e tem tentado desde aí», afirmou ao SOL o vice-presidente da autarquia, Marcos Perestrello, acrescentando que esta posição é independente do nome que os sociais-democratas apresentarem: «O PSD ainda não disse qual é o seu candidato».
Se falhar a coligação, a estratégia de Costa será a de se apresentar com vários nomes da Esquerda, como Helena Roseta (se desistir de concorrer pelo Movimento Cidadãos por Lisboa) e Sá Fernandes. E tentar até alargar à direita a sua equipa.
No Bloco, porém, não é ainda clara a estratégia que será seguida. Com uma Convenção marcada para Janeiro, os bloquistas são cautelosos a falar do futuro. Isto, apesar de ser cada vez mais evidente a aproximação do vereador José Sá Fernandes a Costa. E cada vez mais patente o desconforto do Bloco com essa aproximação.


Estas declarações são um clássico da política autárquica e da política sem princípios.
Durante os últimos dois anos de PS+BE e quatro anos de PSD+Carmona+CDS, não houve nenhuma força política que tanto se tivesse demarcado das opções de fundo do governo de Lisboa, como a CDU.
Desde a continuada cedência de espaços públicos para eventos comerciais e publicitários, à recorrente cedência a privados do planeamento das áreas mais rentáveis da cidade, à falta de transparência e "amiguismo" nos actos relacionados com a gestão urbana, à inexistente política de manutenção e recuperação das vias e ruas da cidade, à falta de apoio às colectividades locais, à tradicional preocupação em distribuir gestores e administradores de cartão partidário pelas empresas geridas pela CML ...

terça-feira, outubro 21, 2008

Fazer o "trabalhinho"

TAKE 1
Na eminência da perda de deputados, na eminência do deputado-do-fim-da-lista-que-foi para-a-AR-porque-os-que-estavam-à-frente-foram-para-o-governo não entrar, Jaime Gama adverte que é preciso fazer o "trabalhinho" porque pode não haver para todos:
"Jaime Gama avisa deputados do PS que se quiserem ser reeleitos têm de fazer o trabalho de casa"

TAKE 2
Os deputados do PS intranquilizam-se:
"Deputados do PS incomodados com discurso "paternalista" de Jaime Gama"

sábado, outubro 18, 2008

O que Sócrates diz e o governo não escreve:

"Sócrates diz que Orçamento de Estado de 2009 é para ajudar empresas e famílias"
Público

Nos tempos que correm, os portugueses vão sofrendo com as consequências das "gentes de Sócrates" terem uma maioria absoluta.
O orçamento de Estado, apresentado de uma forma atrapalhada e pouco transparente, não revela especial interesse no apoio às famílias e às empresas (que não estejam ligadas à banca). BE e PCP, durante esta semana, fizeram propostas justas e que vão ao encontro das preocupações das pessoas e que, ontem, foram chumbadas pela mole de deputados de Sócrates.
O BE apresentou uma proposta contra a especulação nos preços da gasolina (o barril do petróleo está a mais de metade do preço do que estava há 2 meses, e as gasolinas pouco baixam) e um regime de crédito bonificado para com os cidadãos desempregados - REJEITADO.
O PCP apresentou uma resolução que defende a descida da Taxa de Juro e o estabelecimento de um spread máximo, a aplicar pela CGD, de 0,50% (o spread médio subiu de 0,61% há um ano para 0,95% nos nossos dias) - REJEITADO.

Cavaco promulga em meia hora

Cavaco anuncia com orgulho que houve uma lei, proposta pelo Governo que promulgou em meia hora.
Será algo para ajudar as famílias? Uma medida para quem está desempregado? Um qualquer apoio para quem está com dificuldades a pagar o crédito? O aumento das pensões? O aumento dos salários? NÃO!
A urgência é a "medida supositório": a garantia de 20 milhões para a banca.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Como desincentivar a participação:

Orçamento Participativo em Lisboa

A Pergunta:

A questão posta nos termos correctos, após sugestão de um amigo:
Se, neste momento, o perigo é a falta de liquidez da banca, por que será que o Estado não apoia os cidadãos a amortizarem os empréstimos?
Assim, o Estado, ajudaria a banca a ter liquidez e as famílias a estarem menos endividadas.

terça-feira, outubro 14, 2008

Afinal os Bancos são instituições de solidariedade social

Carlos Santos Ferreira, no programa Prós & Contras da RTP1 defendeu a tese que as garantias dadas pelo Estado não eram para os bancos mas para os cidadãos, pois estas verbas serviriam para poderem dar mais crédito.
Percebemos agora que o crédito não é um grande negócio para a banca, mas uma iniciativa de solidariedade social.
Assim sendo, qualquer cidadão quando for negociar o seu "spread", já tem um argumento perante a banca: não ter dinheiro. Vai ser só facilidades!

segunda-feira, outubro 13, 2008

Garantias para quê?

O governo, o Banco de Portugal e o Presidente da República afirmaram várias vezes que a banca portuguesa estava a passar à margem da crise. Os banqueiros, em tom descontraído, reafirmam a sua tranquilidade e bonomia. Cavaco chegou a dizer que de acordo com as informações que tinha não havia nenhum banco em dificuldades.
A serem verdadeiras estas declarações, nenhum banco recorrerá às garantias oferecidas pelo governo.

Lógica Matemática

Com o nosso dinheiro, o governo, apoia a banca.
Com o nosso dinheiro, a banca, apoia o governo.

Durão Barroso

"A culpa da crise não é do mercado mas sim dos organismos de Estado que deviam fazer a regulação"

Prós e Contras, RTP1

Será só em Espanha?



via "O tempo das cerejas"

O Público mente [Actualização]

"As taxas Euribor caíram acentuadamente hoje, um dia depois de os governos da Zona Euro terem aceita um plano que garante os empréstimos entre os bancos e que admite a nacionalização de instituições financeiras em dificuldades."

Em comparação com a Euribor a 6 meses de 5ª feira passada, esta é uma queda de 0,081%. A diminuição da taxa de referência em 0,50% ou as decisões dos governos nacionais, não se estam a traduzir em nada, que não, mais mordomias para a banca.

[Actualização] A RTP também propaga a mesma mentira.

sábado, outubro 11, 2008

I. A “crise” na sociedade capitalista

Em tempos de incerteza, não me parece muito arriscado diagnosticar que quem, à esquerda, tem vindo a referir que os tempos que vivemos anunciam o fim do capitalismo, está enganado. A história ou a leitura de Marx, tornam clara a relação genética e cíclica dos momentos de crise com o desenvolver da sociedade capitalista.
Aliás, essa é um pouco a história do Séc. XX. Violentos momentos de crise e guerra em paralelo com ofensivas contra os direitos dos cidadãos.

II. É o capitalismo que vos fala

Temos antena aberta para todos os responsáveis.
Bush fala num “eles” que causaram a crise, McCain nos de “Wall Street”, Sócrates culpa os que defendiam “mais mercado”, Berardo critica as vinte “companies” que detêm 27% da riqueza no Mundo e Salgueiro culpa a imprudência dos portugueses.
Rapidamente o mais fervoroso adepto da economia de mercado de ontem, lança chavões esquerdistas, contra os “outros”. Na crise perde-se pudor e a última honestidade, culpando-se “o outro” abstracto.
Mas quando alguém diz, que estes “outros” sois vós, imediatamente se transfigura o discurso para o da inevitabilidade da sociedade capitalista.

III. Os Media e o capitalismo


Na próxima semana anuncia-se para a RTP1 do serviço público, um debate denominado “Prós e Contras”, para o qual estão convidados os presidentes dos quatro maiores bancos nacionais.
Na situação actual, o capitalismo ganha cegueira e silencia outras vozes, para a defesa do seu estado em todos os horários nobres.
A dúvida e a falta de confiança que temos em quem nos governa (nos bancos, nas empresas, e nos governos), sedimenta-se na rua mas é expulsa do debate. Por razões de força maior, o pluralismo segue dentro de momentos.

IV. Em quem confiar?

Sabemos que no contexto actual a informação é cada vez mais filtrada e oculta. Quem conhece alguém que trabalhe numa agência bancária ou quem tenha passado por um banco na última semana, sabe que existe um processo de levantamento de dinheiro compulsivo, que os telejornais ocultam. Para quê ter uma conta à ordem, sem juros, e com a instabilidade do dinheiro desaparecer?
Na hora de zelar pelas suas poupanças, os portugueses sabem, que Cavaco, Sócrates, Teixeira dos Santos ou Constâncio, têm outras agendas e que nunca demonstraram especial carinho pela palavra dada.
Alguém tem dúvidas que, Cavaco ou Sócrates não estão a fazer tudo para aguentar o BPN, dos amigos Dias Loureiro e Cadilhe, às nossas custas – ver a notícia do DN de hoje.

V. Quem ganha e perde com a crise?


A notícia que alguns quadros de topo da AIG, após a injecção de capital por parte do estado, foram passar uma semana a um “resort” turístico (leia-se a propósito o comunicado da empresa que não o desmente), ou os prémios e regalias com que os administradores de grandes empresas continuam a viver, ajuda a desenhar o retrato de uma crise que apenas atinge as classes médias e baixas do mundo inteiro.
Apesar de uma ou outra voz do regime anunciar “investigações” ou “multas”, não é difícil adivinhar que ninguém se aproximará de uma cela.

VI. A “crise” e o seu carácter revolucionário

Ainda que pense que estas “crises” são de carácter endémico, cíclico e necessárias à sobrevivência do capitalismo, também acredito que são estes os momentos em que mais se fragiliza.
Sinais como a manifestação de ontem em Londres “Make the fat cat pay” ou o processo de depósitos massivos no banco Inglês que no dia anterior tinha sido nacionalizado (o que levou o governo a bloquear os depósitos), revelam a necessidade de uma maior intervenção do Estado, pondo em causa as bases do neoliberalismo.
Aliás, parece que os defensores do mercado livre ou da diminuição do peso do Estado, embora continuem a discursar se afastam conjunturalmente do anteriormente defendido.

VII. A táctica de Sócrates

Sócrates não inova. O primeiro discurso é contra “os que defendiam menos Estado”, esquecendo por momentos a Esquerda Moderna que extingue hospitais e maternidades, que obriga as universidades públicas a dependerem de receitas privadas ou que despede e reforma compulsivamente os funcionários do Estado. Declara-se a favor de uma maior regulação e de um papel mais interventivo do Estado, contrariando a amálgama ideológica que consta no Programa do Governo do PS:

O actual estágio de desenvolvimento das Economias Ocidentais colocou, na ordem do dia, a necessidade de coexistência das três tipologias estruturantes da actividade económica: as formas de organização típicas da Economia de Mercado, cuja sua mais acabada expressão são as Empresas obedecendo naturalmente ao primado do lucro; o Estado que, nos seus
vários níveis, procura a geração dos bens públicos; e as Organizações de Cidadãos que buscam juntar critérios de eficiência com os objectivos sociais de produção de determinados bens públicos críticos (saúde, solidariedade social, educação, habitação, etc.), ou seja que traduzem a simbiose entre a economia de mercado e as preocupações sociais.
“ pp. 66

Desta forma o primeiro ministro procura ocultar o seu passado recente e coloca-se de fora.
Contudo, em paralelo e num esforço olímpico do triplo salto, ensaia o discurso que em Portugal não será assim tão mau porque “nós” (agora sim, “eles”) prepararam o país.
Nada que Salazar não tenha feito.

A Sá Fernandização do PSD:

Lisboa: PSD quer substituir construção polémica no Largo do Rato por um jardim

sexta-feira, outubro 10, 2008

Casamento entre pessoas do mesmo sexo

O mundo anda preocupado com a "crise". Durante o fim de semana tenciono escrever um pouco sobre isso.
Contudo, hoje mesmo, o PS prepara-se para baixar a democracia ao grau zero. Os seus deputados demonstrando um "elevado" valor cívico e moral aceitarão, depois do reconhecimento do Kosovo, mais um ditame do Pai Sócrates ao votarem contra as propostas de legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Se a questão fosse posta num dos partidos de esquerda, facilmente os jornais lhe chamariam um comportamento estalinista. Como é com o PS referem que é o respeito pela decisão maioritária.