sexta-feira, dezembro 01, 2006

Trienal de Arquitectura

Na sequência da Assembleia Regional da Secção Regional Sul a sua direcção, apressou-se a colocar no site a seguinte notícia:

Plano de actividades 2007 aprovado
A proposta do Plano de Actividades para 2007 foi aprovada na Assembleia Regional da Ordem dos Arquitectos-Secção Regional Sul (OASRS) de 27 de Novembro.
Esta aprovação segue-se às anteriores, no Conselho Directivo Regional (2 de Novembro) e no Conselho Nacional de Delegados (10 de Novembro).
A elaboração deste plano, à semelhança dos dois anteriores, teve por base o programa de candidatura apresentado em 2004 e os objectivos estratégicos acordados no Encontro da Cúria de 2005. Com a aprovação em Novembro, é possível iniciar 2007 «com uma maior disponibilidade para a realização das iniciativas previstas».
Sabendo que, em 2006, foi dado já grande destaque à formação contínua e profissional – apesar de se ter estabelecido que 2007 seria consagrado à formação dos arquitectos – a OASRS pretende colmatar no ano que vem algumas falhas nas áreas da prática profissional e construção do território.
O Plano de Actividades não inclui os programas das iniciativas das delegações e núcleos por estarem a decorrer eleições na maior parte destas estruturas. Esses programas só serão apresentados após 18 de Dezembro, dia do acto eleitoral.
Foi feita uma previsão orçamental, que será votada em assembleia-geral. As actividades previstas e aprovadas decorrem apenas até Setembro, uma vez que 2007 é ano de final mandato e de eleições. Entre elas, avulta a realização da Trienal Internacional de Arquitectura, que decorre entre Maio e Julho de próximo ano.


Votei contra e fui à Assembleia dizer porque entendo que a actual direcção da SRS se está cada vez mais a afastar dos objectivos estratégicos para a qual foi eleita.
O Plano de Actividades pouco conta. Percebemos que a Secção Regional Sul se vai envolver num projecto faraónico que se chamará Trienal Internacional de Arquitectura de Lisboa. No seu plano de actividades é absolutamente irrelevante a actividade dos nucleos e delegações, certificação digital, registo de autorias e uma série de outros serviços que a Ordem dos Arquitectos devia prestar e para os quais é preciso empenho e disponibilidade das Secções Regionais, embora não dêm protagonismos... Por outro lado, fica patente a total falta de respeito para com o projecto que ganhou o concurso para a delegação do Algarve do atelier Embaixada, para o qual não é dada grande impportância e que fomos informados ir entrear este ano (após 3 anos) em fase de projecto de execução - a construção será enviada para as calendas.
Centrando-me na Trienal da Secção Regional Sul, refiro três aspectos que me parecem essenciais:

1. FINANCEIRO - não sendo preciso ser-se um catedrático na matéria, diria que uma qualquer instituição que se lance num evento de dois meses que atingirá as verbas de 1,8 milhões de euros, quando no ano anterior o seu orçamento total era de 2,6 milhões de euros é desde logo um investimento muitíssimo arriscado. Por outro lado, encontrandomo-nos a 7 meses do evento, o risco transforma-se em loucura, quando se anuncia que a sede do evento vai ser o Pavilhão de Portugal, e o mesmo ainda não tem dono não podendo a SRS ter nada protocolado com nenhuma das instituições, e quando se diz que o evento até vai dar lucro e ainda não se tem qualquer protocolo assinado por uma instituição a dizer que irá comparticipar uma parte das verbas. Na Assembleia foi feita sob o signo religioso: Acreditem em nós!

2. POLÍTICO - O Ano Nacional da Arquitectura foi o maior evento de promoção de arquitectura em que participei. Custou à OA 370 000 € e teve de receitas 260 000 €. Deu prejuízo, mas era uma deliberação do Congresso dos Arquitectos. A Trienal nunca foi submetida a nenhum orgão interno da OA na qual possam participar todos os seus associados para além de ter integrado, de uma forma encapuçada, o Plano de Actividades da SRS de 2006. A pedido da SRS a Trienal foi retirada da moção do congresso, pois referia-se que a Trienal de Arquitectura decorrerá se tiver viabilidade financeira!
Para quem assistiu ao decorrer do Congresso, e para quem fala com muitos arquitectos, não são trienais que se esperam da Ordem. Há serviços que faltam prestar, e que tornam injustificada o falor da quota anual de 190,00 € - curiosamente as duas SR's defendem o aumento da quota.

3. IDEOLÓGICO - O tema da Trienal são os "Vazios Urbanos". Embora nunca se chegue a ter uma discussão na sua profundidade (reservada a alguns pensadores) este tema chega quinze ou vinte anos atrasado, já não sendo esta uma das maiores preocupações do ordenamento do território em Lisboa - a menos que se pretenda lançar processos de especulação sobre os espaços industriais ou verdes que rareiam na cidade. Os temas do séc. XXI são outros. Não são os vazios mas os cheios desabitados! A reconstrução e a destruição do construido. O Património e as áreas verdes. A qualidade de vida e os movimentos sociais. As redes...

6 comentários:

AM disse...

O "vazio"... é apropriado!

Anónimo disse...

Tiago:


Sabendo, como já houvi dizer, que entre outras coisas que foram deixadas de lado estava um seguro de responsabilidade civil para os arquitectos inscritos na Ordem, que foi discutido e posto de lado em favor da trienal, se lá estivesse também votava contra.

Penso que a trienal aliada às indmenizações que vão surgir em tribunal para o ano farão um bom cocktail. Quando as demissões começarem a surgir serão em progressão geométrica. Vai ser lindo.

Já agora quem ficará para o baile?

Anónimo disse...

Sou funcionaria da SRS e concordo com tudo o que vem escrito neste texto.
Nunca vi tamanha confusão e desbaratar dos recursos da Secção Regional.
Parabéns Arq. Tiago

Anónimo disse...

Cara colega anónima:
É sempre mais fácil criticar do que fazer. E é sempre mais fácil criticar anonimamente do que fazê-lo abertamente. Mas aceite a opinião de quem já trabalhou em muitos projectos fora da OA, na SRS e até no CDN: não há nada de perdulário neste projecto a não ser o cepticismo paralisante de quem nunca fez nada ou o incómodo típico de quem está viciado em protagonismo.
Imagino que a colega se enquadre na primeira categoria. Para pertencer à segunda, seria necessário que tivesse tido a coragem de fazer alguma coisa verdadeiramente ousada na sua vida. Mas ainda vai a tempo: pode começar por assumir as suas opiniões.

Cordialmente
Margarida Portugal

Anónimo disse...

Cara Margarida, quanta ingenuidade.
Aceito a sua opinião tal como deve aceitar a minha. E dê-me a liberdade de pensar que por estar tão envolvida na trienal, não consegue/quer fazer uma análise isenta.
Sob o anonimato, claro!
Olhe à sua volta e veja as pessoas que já se foram obrigadas a ir embora, até na direcção, só por não alinharem com a trienal.

Anónimo disse...

O que acho estranho nesta iniciativa da TRINAL é todo o seu "secretismo".
Como é possivel uma iniciativa desta envergadura estar a organizar-se e nada transparecer no Congresso dos Arquitectos realizado o mês passado???????
Parece-me uma enorme falta de respeito a todos nós, arquitectos!
Uma iniciativa desta dimensão deveria ter a participação e a aceitação ESCLARECIDA da classe, divulgando-se o mais possivel.
Parece-me estar a ser organizada, no minimo, por irresponsaveis! No máximo, por pessoas que têm uma ideia muito pouco clara acerca da DEMOCRACIA.
Não auguro nada de bom!