quinta-feira, agosto 09, 2007
"O Acordo"
É um facto que durante a campanha eleitoral Sá Fernandes manifestou disponibilidade para um acordo com "as forças de esquerda" para viabilizar um governo da cidade. Contudo poucos se arriscariam a prever que o BE assinaria um acordo (sozinho!) com o PS, para constituir uma força minoritária de governo da Câmara Municipal de Lisboa - ainda não consegui perceber se o acordo abrangerá a Assembleia Municipal e as Freguesias.
Não partilho a tese que este acordo é uma traição para com as pessoas que votaram na candidatura proposta pelo BE, pois julgo que ainda ninguém percebeu realmente qual a génese sociológica dos votantes do BE, sob que forma é que se manifestam, nem se estarão ou não de acordo em que o BE assuma o papel de consciência crítica do regime neo-liberal (leia-se o que escreve o Rui Faustino sobre a Convenção do BE).
Contudo é irrefutável, por mais silêncios que se pretendam gerir, que há militantes do BE ou simples votantes, que se sentem traídas por este acordo.
Comecemos pelo passado, que como qualquer força política o BE começa a ter. Tal como nos recorda, o Rick Dangerous a última candidatura do BE à CML antes de Sá Fernandes, tinha uma linha estratégica clara de rejeição da candidatura da coligação PS/PCP (com princípios bem mais à esquerda do que a que foi preconizada por António Costa). Há seis anos a candidatura, encabeçada por Miguel Portas, dizia ser inaceitável qualquer tipo de alianças à esquerda pois considerava existirem projectos de cidade inconciliáveis. Então, Santana Lopes venceu as eleições com uma diferença sofrida, de menos de mil votos, tendo o BE obtido alguns milhares de votos sem que elegesse qualquer vereador.
Hoje, é Portas, Louçã e Pedro Soares (nº 2 da Candidatura e coordenador autárquico do BE-Lisboa) que vêm a terreiro de três em três dias defender o acordo como um dever de estado(comentando as declarações de Francisco Martins Rodrigues, comentando as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e comentando as declarações de Joaquim Fortunato respectivamente).
Por outro lado, a tese que Daniel Oliveira procura defender no Arrastão, que com esta aliança o BE tenderá a ocupar o "espaço que vai da esquerda mais radical à esquerda reformista mais consequente" parece-me que ainda fragiliza mais a opção tomada - nunca, nem à esquerda nem à direita uma coligação favoreceu o partido menos votado.
Contudo a tese do Daniel Oliveira é válida e revela uma linha política que, metendo a foice em seara alheia, gostaria que fosse discutida por todos os militantes e simpatizantes do BE continuamente iludidos por folclores socialistas.
Eu que, conforme já o escrevi neste blogue, sempre vi o BE como o partido com o qual o PCP deveria trabalhar no sentido da construção de uma sociedade diferente, preciso que o BE se esclareça.
Um BE de esquerda, com socialistas, libertários e esquerdistas faz-me falta.
Um BE muleta do PS, consciência crítica do neoliberalismo ou como o PP da esquerda, não me faz falta.
[deixo para mais tarde a apreciação sobre o documento "Acordo sobre Políticas para Lisboa"]
Não partilho a tese que este acordo é uma traição para com as pessoas que votaram na candidatura proposta pelo BE, pois julgo que ainda ninguém percebeu realmente qual a génese sociológica dos votantes do BE, sob que forma é que se manifestam, nem se estarão ou não de acordo em que o BE assuma o papel de consciência crítica do regime neo-liberal (leia-se o que escreve o Rui Faustino sobre a Convenção do BE).
Contudo é irrefutável, por mais silêncios que se pretendam gerir, que há militantes do BE ou simples votantes, que se sentem traídas por este acordo.
Comecemos pelo passado, que como qualquer força política o BE começa a ter. Tal como nos recorda, o Rick Dangerous a última candidatura do BE à CML antes de Sá Fernandes, tinha uma linha estratégica clara de rejeição da candidatura da coligação PS/PCP (com princípios bem mais à esquerda do que a que foi preconizada por António Costa). Há seis anos a candidatura, encabeçada por Miguel Portas, dizia ser inaceitável qualquer tipo de alianças à esquerda pois considerava existirem projectos de cidade inconciliáveis. Então, Santana Lopes venceu as eleições com uma diferença sofrida, de menos de mil votos, tendo o BE obtido alguns milhares de votos sem que elegesse qualquer vereador.
Hoje, é Portas, Louçã e Pedro Soares (nº 2 da Candidatura e coordenador autárquico do BE-Lisboa) que vêm a terreiro de três em três dias defender o acordo como um dever de estado(comentando as declarações de Francisco Martins Rodrigues, comentando as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e comentando as declarações de Joaquim Fortunato respectivamente).
Por outro lado, a tese que Daniel Oliveira procura defender no Arrastão, que com esta aliança o BE tenderá a ocupar o "espaço que vai da esquerda mais radical à esquerda reformista mais consequente" parece-me que ainda fragiliza mais a opção tomada - nunca, nem à esquerda nem à direita uma coligação favoreceu o partido menos votado.
Contudo a tese do Daniel Oliveira é válida e revela uma linha política que, metendo a foice em seara alheia, gostaria que fosse discutida por todos os militantes e simpatizantes do BE continuamente iludidos por folclores socialistas.
Eu que, conforme já o escrevi neste blogue, sempre vi o BE como o partido com o qual o PCP deveria trabalhar no sentido da construção de uma sociedade diferente, preciso que o BE se esclareça.
Um BE de esquerda, com socialistas, libertários e esquerdistas faz-me falta.
Um BE muleta do PS, consciência crítica do neoliberalismo ou como o PP da esquerda, não me faz falta.
[deixo para mais tarde a apreciação sobre o documento "Acordo sobre Políticas para Lisboa"]
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2 comentários:
Bem vindo de volta, Tiago.
Obrigada pela vista ao Troll.
Bom post.
O BE acaba de cometer o maior erro da sua curta (para quem está de fora) / longa (para quem cá dentro no dia-a-dia tenta manter o sonho de pé).
Basta entrar numa empresa, como eu faço todos os dias, e ouvir os comentários, não dos que nunca votaram nem acreditaram no BE, mas dos outros. Dos que fomos conseguindo trazer connosco e que hoje se sentem traídos...pelo BE e por nós.
Tenho confiança em Sá Fernandes e a minha critica é ao BE e não a ele. É o BE que se assumiu / assume como alternativa socialista ao Governo de Sócrates.
Penso que Sá Fernandes está a cometer um erro ao aceitar e ao investir neste Acordo. Mas Sá Fernandes não é dirigente do Bloco enm está obrigado a cumprir as decisões da sua Convenção. O BE está.
E não cumpriu.
Ah, Tiago, esqueci-me...
Votei em Miguel Portas em 2001.
Sou das mais ferrenhas criticas das alianças do PCP com a Direita nas Autarquias. Não me esqueço do Porto, de Sintra, de tantas Freguesias de Lisboa...
Como disse ali ao lado (fui lá pelo teu Blog...e agora não me lembro o nome...ai, a idade, a idade!!!LOL), em 2001 o grande responsável pela derrota de João Soares foi João Soares. A grande responsável pela vitória da Direita, foi a coliçação PS/PC.
Por todas estas razões é que hoje sou claramente contra esta Acordo.
Creio que de outra forma não estava, sequer, a ser coerente.
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