segunda-feira, abril 24, 2006

Comentário certeiro:

Num recente post no Abrupto, Pacheco Pereira indigna-se pela exploração que a TVI fez da morte de um dos actores da série "Morangos com Açúcar". Leia-se, a pertinente resposta de um dos seus leitores:

No seu breve comentário acerca da morte de um actor de uma telenovela da TVI, considerou a exploração daquela como reveladora da miséria humana. O que a mim me parece é que «exploração» e «miséria» não são os dois conceitos mais apropriados para avaliar a decisão da TVI, se a avaliação e a análise desta decisão se basear nos pressupostos teóricos do liberalismo. São dois conceitos que remetem mais depressa para uma análise marxista, que vê neles uma expressão da alienação dos homens.Para um liberal que se preze, a TVI limitou-se a aproveitar uma oportunidade para conquistar audiências, para dessa forma se impôr no mercado. Como os liberais fazem questão em lembrar-nos, aquilo a que se assistiu foi apenas à espontaneidade dos agentes económicos que procuram satisfazer os seus interesses. Dizem-nos, também, que é dessa espontaneidade e da iniciativa individual que surgem produtos inovadores (como a morte em directo) capazes de conquistar os consumidores. Nessa medida, a morte como espectáculo e como mercadoria é, «apenas», mais um negócio em que os indivíduos podem e devem apostar e arriscar.E isto é assim porque para o liberalismo não tem existir qualquer imposição legal ou ética limitadora da iniciativa individual, pois isso seria um ataque ao livre funcionamento do mercado. Portanto, numa economia capitalista o ser e o dever-ser são o mesmo: o que o agente económico é, é o que agente moral deve ser; o interesse daquele confunde-se com os valores deste. Assim, qualquer indignação por parte do ser moral só pode ser uma expressão de um dualismo artificial, criado por quem quer fazer a quadratura do círculo.
(Rui Fernando)

2 comentários:

Anónimo disse...

Excelente
Um bom 25 de Abril.
Um abraço

Anónimo disse...

Assino em baixo! Um abraço de camarada neste dia da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que nunca ninguém nos poderá roubar!