quinta-feira, maio 18, 2006
Que viva o mercado da "livre-opulência"
O Hardblog, a propósito de um comentário meu, levanta uma questão bastante interessante de se discutir, sobre a necessidade ou não, de existirem entidades reguladoras, associações profissionais e, acrescento eu pois decorre do raciocínio, sindicatos. O jMAC defende que deverá ser o mercado a fazer essa regulação, resumida na frase: "se um arquitecto é competente, terá trabalho".
Esta visão não trás nada de novo, aliás, é a postura vigente na prática profissional. Veja-se por exemplo como o político-decisor, assim que é eleito ou nomeado, passa imediatamente a ser o melhor técnico de urbanismo. Veja-se, por exemplo, a quantidade de "concursos" por honorários que existem no mercado em que ganha quem apresenta um preço menor, sendo que esse preço menor decorre sempre da exploração de quem nesses ateliers trabalha. Veja-se ainda, por exemplo, o desemprego encapuçado entre os jovens arquitectos com pouca experiência de trabalho, mas que vão sendo substituídos nos ateliers de arquitectura por um, dois ou três estagiários que aceitam trabalhar sem remuneração.
É o mercado! É o mercado que faz com que quem tem o poder, ou os euros, embora não tendo qualificação ou cultura para avaliar, decide a maioria da encomenda do país e determina quem presta e quem não presta. É o mercado que estimula a canibalização dos honorários sempre às custas do mais fraco. É o mercado que estimula a "livre concorrência" entre a mão-de-obra escrava e alguém que quer viver da sua actividade profissional.
É num mercado selvagem que vivemos. No mundo em que a Ordem não pode intervir, o Estado não quer, e um sindicato que não se cria.
O mercado e esta "livre-concorrência" que diz defender, não é boa nem para a arquitectura nem para o técnico que a tenta exercer de uma forma competente e séria. Mas sê-lo-á para o consumidor?
Vejamos o exemplo dos concursos por honorários, como se consegue baixar os valores de honorários?
Há muita imaginação nesta área.
Há quem faça projectos (por vezes gratuitos) e que depois recebem percentagens de cada um dos materiais que aplicam aumentando exponencialmente os custos de obra. Há quem diminua os custos da estrutura, recorrendo a técnicos de especialidades que se fazem cobra à folha e a estagiários não remunerados. Há quem diminua as horas de trabalho e envolvimento que qualquer projecto requer. Em todas estas situações o consumidor também perde.
E quem ganha com esta situação?
Ganha o técnico que consegue explorar o colega assalariado, enganar o cliente ao aplicar os materiais mais caros e, que entrega o projecto mais rápido, sem acompanhar a obra nem fazer o projecto de execução.
Ganham os agentes económicos intermediários. Quem contracta, constrói e vende, sem nunca habitar.
Que viva o mercado, pim!
Esta visão não trás nada de novo, aliás, é a postura vigente na prática profissional. Veja-se por exemplo como o político-decisor, assim que é eleito ou nomeado, passa imediatamente a ser o melhor técnico de urbanismo. Veja-se, por exemplo, a quantidade de "concursos" por honorários que existem no mercado em que ganha quem apresenta um preço menor, sendo que esse preço menor decorre sempre da exploração de quem nesses ateliers trabalha. Veja-se ainda, por exemplo, o desemprego encapuçado entre os jovens arquitectos com pouca experiência de trabalho, mas que vão sendo substituídos nos ateliers de arquitectura por um, dois ou três estagiários que aceitam trabalhar sem remuneração.
É o mercado! É o mercado que faz com que quem tem o poder, ou os euros, embora não tendo qualificação ou cultura para avaliar, decide a maioria da encomenda do país e determina quem presta e quem não presta. É o mercado que estimula a canibalização dos honorários sempre às custas do mais fraco. É o mercado que estimula a "livre concorrência" entre a mão-de-obra escrava e alguém que quer viver da sua actividade profissional.
É num mercado selvagem que vivemos. No mundo em que a Ordem não pode intervir, o Estado não quer, e um sindicato que não se cria.
O mercado e esta "livre-concorrência" que diz defender, não é boa nem para a arquitectura nem para o técnico que a tenta exercer de uma forma competente e séria. Mas sê-lo-á para o consumidor?
Vejamos o exemplo dos concursos por honorários, como se consegue baixar os valores de honorários?
Há muita imaginação nesta área.
Há quem faça projectos (por vezes gratuitos) e que depois recebem percentagens de cada um dos materiais que aplicam aumentando exponencialmente os custos de obra. Há quem diminua os custos da estrutura, recorrendo a técnicos de especialidades que se fazem cobra à folha e a estagiários não remunerados. Há quem diminua as horas de trabalho e envolvimento que qualquer projecto requer. Em todas estas situações o consumidor também perde.
E quem ganha com esta situação?
Ganha o técnico que consegue explorar o colega assalariado, enganar o cliente ao aplicar os materiais mais caros e, que entrega o projecto mais rápido, sem acompanhar a obra nem fazer o projecto de execução.
Ganham os agentes económicos intermediários. Quem contracta, constrói e vende, sem nunca habitar.
Que viva o mercado, pim!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
E o que faz a Ordem para além de sancionar este estado de coisas? veja-se o exemplo dos estágios não remunerados.
Pode fazer muito pouco...
Voltamos à questão inicial: para que serve?
Para que serve a Ordem?
Serve para isto:
http://www.arquitectos.pt
http://www.oasrs.org/conteudo/agenda/noticias-detalhe.asp?noticia=203
http://www.oasrs.org/conteudo/agenda/noticias-detalhe.asp?noticia=218
http://www.oasrs.org/conteudo/agenda/noticias-detalhe.asp?noticia=189
http://www.oasrn.org/apoio.php
http://www.outrosmercadus.pt/uploads/temp/regulamento.pdf
http://www.ordemdosarquitectos.pt/upload/0161-maxit%20verso.pdf
http://www.ordemdosarquitectos.pt/upload/0123-habitar.pdf
e pode continuar...
Promove a Arquitectura, iniciativas de cidadãos, apoia a prática...
Porque não cingir-se a isso, ainda que seja discutível a necessidade de uma ordem para o desnvolvimento dessas actividades... - seria discutível se essa discussão tivesse algum interesse...
já está respondido no hARDbLOG.
abraços cordiais.
Apoiado !
Enviar um comentário