sábado, março 18, 2006

França - France


Escrevo este texto Sábado, antes das grandes manifestações que sucederão da parte da tarde um pouco por todo o país.
O governo francês aprovou uma lei que prevê que os jovens até aos 26 anos e que tenham um vínculo contratual com uma empresa possam ser liminarmente despedidos sem justa causa. Esta lei pode parecer mais uma brincadeira de um governo de direita mas não é.
É uma lei que renega a matriz social da direita de protecção da família, desestabilizando o cidadão na maior parte do tempo de vida em que pode procriar. Esta lei, pretensamente para aumentar a oferta de emprego, aumenta o tempo de dependência do cidadão dos seus progenitores e redundará na aniquilação intelectual das capacidades produtivas de gerações e gerações.
Em Portugal, a comunicação social tem dado grande destaque aquilo que chama violência, esquecendo a lei genocída.
O que se passa em França não é mais que o eco de uma alteração global do paradigma do capitalismo; deixamos a era da exploração do homem para entrar na era da aniquilação intelectual do mesmo (esta Orwell não imaginou).
Na comunicação social também tem havido um esforço por referir que estes acontecimentos estão muito aquém dos de Maio de 68, e nisto têm razão. O movimento é menos ideológico e menos colectivo porque houve uma alteração social de quem está nas universidades.
O capitalismo e a sua capacidade de adaptação, permitiu pós-68, que a universidade francesa se tornasse mais multi-classista, através do endividamento dos mais pobres. A burguesia de 68 tornou o movimento mais ideológico do que o de hoje, mas afastou-a dos sindicatos e da população mais explorado.
Hoje, os franceses (de diferentes origens) que se manifestam nos subúrbios, são os mesmos que estão na Sorbonne a estudar e a trabalhar à noite a entregar pizzas.
Por isso qualquer acha para a fogueira do conflito o faz incendiar.
Por outro lado, ao governo, este conflito interessa. Cria um evento que absorve todas as atenções mediáticas e um sentimento global de insegurança, medo e terror. A alguns meses das eleições presidências, ganha pontos quem faz o discurso mais duro contra a violência, ainda que seja o seu principal promotor.
Para o Poder, a Guerra, serve como justificativo e capa, para as suas acções. Para o Povo a Paz é um dos conceitos mais importantes, pois é quem perde com a Guerra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vim aqui e, invitavelmente tive de roubar o teu post...
Espero que não te importes!

Anónimo disse...

Caro Tiago,
Com um abraço, o que segue diz tudo:

magnolia,"
A primeira coisa que fiz foi abrir o
"Randomblog 02"
e ler, não o post completo (ficará para outra altura, tenhos outros afazeres neste momento), mas o suficiente para ficar a saber que a "caça às bruxas" (muito praticada em Portugal), também existe na Dinamarca. Não fico completamente espantado com a situação, já que tudo que mexa com o "status quo" dos países capitalistas é perseguido, mesmo que o "Greenpeace" surja pelo meio ( o Greenpeace, quando, por exemplo, acompanha uma embarcação em protesto por crimes ambientais, é escorraçado a jactos de água).
Tomei algumas breves notas, tais como "jornal diário publicado pelo Partido Comunista da Dinamarca", "a polícia obrigou a retirar Apelo", "... julgado segundo a legislação antiterrorista"; "a polícia dinamarquesa actuou sem um mandado judicial"; "a pretexto de combater terroristas reais ou imaginários, o que se pretende é combater os comunistas e outras forças progressistas".
O texto é extenso mas merece ser lido, para se concluir como comecei: a caça às bruxas continua!
A segunda coisa que fiz foi, por uma questão de justiça e solidariedade, inserir o link do "Random 02" no meu Malaposta.
Por fim uma nota relativa ao link "escrito", que corresponde à janela de comentários (com um formato invulgar, mais parecido com uma janela de post (!) e na qual vou inserir por cópia o presente comentário)