sábado, setembro 09, 2006

A Colômbia e as FARC-EP

A resistência das FARC-EP e a alteração da representatividade da esquerda nos governos de América Latina, estão a impacientar o Governo da Colômbia e toda a direita portuguesa. No seguimento da polémica sobre a presença das FARC na Festa do Avante, aqui deixo um texto do outro lado do muro retirado do Transbolivariano:

"Se não é agora, para quando a troca de prisioneiros? A maioria dos colombianos, e a história deste país reclamam-no.
Durante quatro anos, o governo Uribe interpôs negativas e ultimatos, chantagens e manobras; e nos últimos dias, rodeios. Desnecessários rodeios. Parece ter medo de agarrar o touro pelos cornos. Ninguém entende nas FARC, como pode dizer o governo que os contactos para a troca avançam por bom caminho se até ao dia de hoje não se produziu um primeiro contacto directo com as FARC.
A imprensa filtra a informação sobre contactos sigilosos do governo com destacadas personalidades da paz no Palácio [de Nariño] e suites exclusivas, mas no meio desses interlocutores ainda não conseguimos descobrir nenhum dos três porta-vozes designados pelas FARC.
De nada contribui enganar ou iludir com fantasias os familiares que já sofrem o mais duro dos calvários com o prolongado cativeiro dos seus.
Aqui o mais prático é retirar as tropas do território proposto para o diálogo, o "pré-diálogo", se essa é a vontade do governo. O importante é que se dê um face-a-face governo-FARC para discutir o intercâmbio humanitário, o qual assinaremos com a alma. Dizemo-lo nós quem no passado recente libertámos de maneira unilateral, 304 militares e polícias capturados em combate, sem que tal gesto tenha produzido no governo a mais pequena reciprocidade.
Queremos que os prisioneiros na montanha e os guerrilheiros presos na Colômbia e nos Estados Unidos regressem à liberdade.
Uribe não pode pretender que nos municipios desmilitarizados não haja presença guerrilheira quando é a única garantia de segurança válida para os porta-vozes insurgentes e de troca sem sobressaltos dos libertados.
A troca deve ser libertada desse beco sem saída da frustração em que o Presidente a meteu. É necessário que os familiares dos prisioneiros de ambas as partes, e as organizações político-sociais da Colômbia e do mundo exijam o intercâmbio agora e o fim das vacilações no Palácio de Nariño
[sede da presidência da Colômbia]".

Iván Márquez, Membro do Secretariado das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 28 de Agosto de 2006

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